16 de dezembro de 2009

REFLEXÕES PARA O ANO NOVO

REFLEXÕES PARA O ANO NOVO
AUTOR : C H SPURGEON

Ora, irmãos, com respeito ao ano que se aproxima, eu espero que ele seja um
ano de felicidade para vocês, — de forma muito enfática desejo a todos vocês um
Feliz Ano Novo, — mas ninguém pode ter certeza de que ele será um ano livre de
dificuldades.
Pelo contrário, tenha a segura confiança de que não será assim, porque, como
é certo que as faíscas sobem para o alto, o homem nasce para as dificuldades.
Cada um de nós possui, amados amigos, muitos rostos queridos com os quais
nos regozijamos — que eles possam sorrir para nós ainda por muito tempo: mas
lembre-se de que cada um deles pode vir a ser ocasião de tristeza durante o próximo
ano, porque não existe nenhum filho imortal, nenhum marido imortal, nenhuma
esposa imortal, nenhum amigo imortal, e, portanto, alguns deles podem morrer
durante o ano.
Além do mais, os confortos com os quais nos cercamos podem tomar para si
asas antes que o ano cumpra seus meses. As alegrias terrenas são todas como que
feitas de neve, se desfazem com a mais leve brisa, e se vão antes de terminarmos de
agradecer sua chegada. Pode ser que você tenha um ano de seca e escassez de pão;
pode ser que anos magros e desagradáveis lhe estejam reservados.
Sim, e ainda mais, talvez durante o ano que já está quase amanhecendo você
possa recolher seus pés à cama e morrer, para encontrar-se com Deus Pai.
Pois bem, com relação a este ano que está próximo e suas possibilidades
desoladoras, devemos viver cabisbaixos e tristonhos? Devemos pedir a morte ou
desejar nunca ter nascido? De modo algum. Devemos, por outro lado, viver de
forma despreocupada e risonha em todas as circunstâncias? Não, isso soaria doentio
nos filhos de Deus.
O que faremos? Iremos pronunciar esta oração: “Pai, glorifica teu nome.”
Isto significa dizer: se devo perder minha propriedade, glorifica teu nome na minha pobreza; se devo ser roubado, glorifica teu nome em meu sofrimento; se devo ser
morto, glorifica teu nome em minha partida.
Quando você ora nesta disposição, seu conflito finda, nenhum pavor exterior
permanece se tal oração surge de seu íntimo, você tem nela rejeitado todos os
presságios fatídicos e pode, de forma lúcida e tranqüila, trilhar seu caminho pelo
desconhecido amanhã.


Tradução: Márcio Santana Sobrinho.
Fonte: A Golden Prayer, 30 de dezembro de 1877.
M one r gi sm o.c om – “A o S e nhor p er t e nce a s al v a çã o” (Jona s 2:9 )
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15 de dezembro de 2009

O Primeiro Coral de Natal

O Primeiro Coral de Natal
(The First Christmas Carol)

Um Sermão (Nº 168)

Pregado na Manhã de Domingo, 20 de Dezembro de 1857 pelo

Reverendo C. H. Spurgeon

No Music Hall, Royal Surrey Gardens – Inglaterra

Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens”. (Lucas 2:14)

É SUPERTICIOSO adorar anjos; mas é correto amá-los. Embora isto possa ser um grande pecado e um ato de contravenção contra a Soberana Corte do Céu, pagar a menor adoração ao mais poderoso anjo, todavia pode ser mau e inadequado, se nós não dermos aos santos anjos um lugar em nossos corações. De fato, aquele que contempla o caráter dos anjos, e percebe seus vários atos de simpatia para com os homens, e bondade para com eles, não pode resistir o impulso de sua natureza – o impulso de amor para com eles. O único incidente na história angelical, sobre o qual nosso texto se refere, é suficiente para unir nossos corações a eles para sempre. Quão libertos de inveja os anjos são ! Cristo não veio do céu para salvar seus companheiros quando eles caíram. Quando Satanás, o mais poderoso anjo, arrastou com ele uma terça parte das estrelas do céu, Cristo não Se inclinou do Seu trono para morrer por eles; mas deixou-os para serem reservados na escuridão e em prisões eternas até o último grande dia. Contudo, os anjos não invejaram os homens. Embora eles lembrassem que Ele não tomou os anjos, todavia não murmuraram quando Ele tomou a descendência de Abraão; e embora o bendito Mestre nunca tenha condescendido para tomar a forma dos anjos, eles não pensaram nisso impedindo-os de expressar sua alegria quando encontraram-Lo vestido no corpo de um infante. Quão livres, também, eles foram do orgulho ! Eles não se envergonharam de vir e contar as boas novas aos humildes pastores. Creio que eles tinham tanto prazer em emanar suas melodias aquela noite diante dos pastores, que estavam vigiando seus rebanhos, como ele teriam se tivessem sido ordenados pelo seu Mestre para cantar seu hino nos átrios de César. Meros homens – homens possessos de orgulho, pensam ser uma coisa fina pregar diante de reis e príncipes; e pensam ser uma grande complacência de vez em quando ter que ministrar à humilde multidão. Não são assim os anjos. Eles esticaram suas desejosas asas, e com satisfação moveram-se de seus brilhantes assentos acima, para contar aos pastores no campo à noite, a maravilhosa história de um Deus Encarnado. E notem quão bem eles contaram a história, e certamente vocês irão amá-los ! Não com uma língua gaguejante, que conta um conto no qual ela não tem interesse; nem mesmo com o dissimulado interesse de um homem que move as paixões dos outros, quando ele mesmo não sente nenhuma emoção; mas com alegria e satisfação, como somente os anjos podem saber. Ele cantaram a história, porque eles não poderiam esperar para contar em uma pesada prosa. Eles cantaram: “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens”. Creio que eles cantaram isso com alegria em seus olhos; com seus corações queimando com amor, e com os peitos cheios de alegria como se as boas novas para o homem tivessem sido boas novas para eles mesmos. E, verdadeiramente, eram boas novas para eles, porque o coração de simpatia faz das boas novas aos outros, boas novas para eles mesmos. Vocês não amam os anjos ? Vocês não se curvam diante deles, e aí vocês estão certos; mas vocês não os amam ? Fazer isto não faz uma parte de sua antecipação do céu, visto que no céu vocês habitarão com os santos anjos, bem com os espíritos dos justos aperfeiçoados ? Oh, quão doce pensar que aqueles santos e amáveis seres são nossos guardiões toda hora ! Eles observam com vigilância assídua sobre nós, tanto na ardente maré do meio-dia, como na escuridão da noite. Eles nos guardam em todos nossos caminhos; eles nos sustentam nas suas mãos, para que não tropecemos com nossos pés em pedras. Eles incessantemente ministram em favor daqueles que sãos os herdeiros da salvação; tanto de dia como de noite eles são nossos vigias e guardiões, porque vocês sabem que “o anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra”.

Deixemos de lado, tendo justamente pensado sobre os anjos por um momento, para pensar mais sobre esta canção, do que sobre os anjos em si mesmos. A canção deles foi curta, porém, como Kitto de forma excelente observa, ela foi “digna de anjos, expressando a maior e mais benditas verdades, em tão poucas palavras, que elas tornaram-se uma aguda apreensão, quase opressiva pela abundante plenitude de seu significado.” “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.” Iremos, esperando sermos assistidos pelo Espírito Santo, olhar para estas palavras dos anjos em quatro partes. Sugerirei alguns pensamentos instrutivos levantados sobre estas palavras; então alguns pensamentos emocionais; então um poucos pensamentos proféticos; e depois, um ou dois pensamentos preceptivos.

I . Primeiro então, nas palavras de nosso texto. Há muitos PENSAMENTOS INSTRUTIVOS .

Os anjos cantaram algo que os homens puderam entender – algo que os homens deviam entender – algo que faria os homens muito melhores se eles o entendessem. Os anjos estavam cantando sobre Jesus que nasceu em uma manjedoura. Nós devemos olhar sobre esta canção como sendo construída sobre este fundamento. Ele cantaram sobre Cristo, e a salvação que Ele trouxe para este mundo para desenvolver. E o que eles disseram desta salvação foi isto: eles disseram, primeiro, que isto deu glória a Deus; segundo, que isto deu paz aos homens; e, terceiro, que isto foi uma prova da boa vontade de Deus para com a raça humana.

1. Primeiro, eles disseram que esta salvação deu glória a Deus. Eles estiveram presentes em augustas ocasiões, e tinham tomado parte em muitos solenes coros em louvor a seu Criador Todo-Poderoso. Eles estavam presentes na criação: “Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam” (Jó 38:7).

Eles viram formar-se a multidão de planetas na palma da mão de Jeová, e serem por Sua eternas mãos lançados na infinitude do espaço. Haviam entoado solenes melodias sobre numerosos mundos criados pelo Todo-Poderoso. Haviam cantado, não duvidamos, com freqüência: “Louvor, e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre.” (Apocalipse 7:12) Não duvido, também, que seu canto foi acumulando força durante o transcurso das eras. Como quando foram primeiramente criados, sua primeira respiração foi um canto, assim quando eles viram Deus criar novos mundos, então sua canção recebeu outra nota; se foram elevando em escada da adoração. Porém, esta vez, ao ver Deus descer de Seu trono, e tornar-se um bebê, repousando no seio de uma mulher, elevaram ainda mais a nota; e chegando ao extremo limite da música angelical, entoaram as notas mais sublimes da escala divina das adorações e cantaram: “Glória a Deus nas alturas”, porque sentiram que à maior altura não se pode chegar, nem ainda a própria bondade divina. Assim, o tributo de sua adoração mais sublime se rendeu ao ato mais sublime da divindade.

Se é verdade que existe diferentes categorias de anjos, elevando-se por grau sua magnificência e dignidade – se o apóstolo nos ensina que há “anjos, tronos, dominações, principados e potestades”, entre este habitantes benditos do mundo superior e invisível, posso supor que quando a notícia primeiro se comunicou aos anjos nos confins do mundo celestial, quando miravam desde o céu e viram ao menino recém-nascido, eles enviaram as novas de volta ao lugar onde se originou o milagre, cantando:

“Anjos, seres celestes do reino de glória,
Para terra, velozes, desçam voando,
Vós, que cantais a história da criação,
Agora proclamar o nascimento do Messias;
Vinde e adoremos,
Adoremos Cristo, o recém-nascido Rei.”

E conforme a mensagem corria de categoria a categoria, até os anjos da presença, aqueles quatro querubins que perpetuamente servem ao redor do trono de Deus – aquelas rodas com olhos - colheram a melodia e resumindo o canto de todos os graus inferiores, sobrepujaram o divino pináculo de harmonia com seu próprio e solene canto de adoração, ao que prorrompeu todo o exército: “Adorai, céu dos céus: Glória a Deus nas alturas.” Ah ! Não há mortal capaz de imaginar a magnificência daquele canto. Então, notem que, embora os anjos cantassem antes e quando o mundo se formou, seus aleluias foram mais cheios, mais potentes, mais magníficos, se não mais cordiais, quando eles viram Jesus Cristo nascido da virgem Maria, para ser o Redentor do homem: “Glória a Deus nas alturas.”

Qual é a lição instrutiva para ser aprendida desta primeira sílaba do cântico dos anjos ? Naturalmente esta: que a salvação é a maior glória de Deus. Ele é glorificado por cada gota de orvalho que brilha ao primeiro raio de sol. Ele é magnificado em cada flor que floresce no bosque, ainda que viva oculta e ostente suas cores fora da vista humana, e desperdice sua doçura no ar da floresta. Deus é glorificado em cada pássaro que gorjea no ramo; em cada cordeirinho que salta no prado. Não Lhe louva os peixes do mar, desde o minúsculo peixinho até o enorme Leviatã ? Não bendiz e louva Seu nome todas as criaturas que nadam sobre as águas ? Não Lhe exaltam todas as coisas criadas ? Há algo debaixo do céu, exceto o homem, que não glorifique a Deus ? Não Lhe exaltam as estrelas ao escrever com letras de ouro Seu nome sobre o azul-celeste do céu ? Não Lhe adoram os relâmpagos quando refletem seu esplendor em setas de luz, penetrando a escuridão da meia-noite ? Não Lhe exaltam os trovões quando estrondam como tambores à marcha do Deus dos exércitos ? Não lhe exaltam todas as coisas, desde as mais pequenas até as mais grandes ? Canta, canta, oh universo, até tu esgotar a ti mesmo; porém jamais tu poderá oferecer um canto tão doce como o canto da Encarnação ! Ainda que toda a criação seja como um órgão majestoso de louvor, não poderá expressar jamais o conteúdo do cântico dourado – Encarnação ! Há mais nela do que na encarnação, mais melodia em Jesus na manjedoura, do que nos mundos sobre mundos girando sua grandeza ao redor do trono do Altíssimo.

Pare Cristão, e considere isto por um minuto. Veja de que forma cada atributo é aqui magnificado. Olhe ! que sabedoria aqui. Deus tornou-se homem para que Deus possa ser justo, e justificar do ímpio. Olhe! que poder, porque onde há poder tão grande como quando se oculta o poder ? Olhe! Que poder, que a Divindade se despojou de Si mesma e tornou-se homem. Contemplai vós, que fidelidade ! Quantas promessas se cumprem neste dia ? Quantas solenes obrigações são nesta hora perdoadas ? Conte-me um atributo de Deus que não seja manifesto em Jesus; e sua ignorância será a razão porque você não tem visto assim. O todo de Deus é glorificado em Cristo; e embora alguma parte do nome de Deus esteja escrita no universo, é aqui que ele é melhor lido – nAquele que foi o Filho do Homem, e todavia, o Filho de Deus.

Mas, deixe-me dizer uma palavra aqui antes de afastar-me deste ponto. Devemos aprender disto que, se a salvação glorifica a Deus, O glorifica no mais alto grau, e faz que as criaturas superiores O louvem, esta única reflexão deve ser adicionada – então, aquela doutrina, que glorifica o homem na salvação não pode ser o evangelho. Porque salvação glorifica a Deus. Os anjos não eram Arminianos, eles cantaram: “Glória a Deus nas alturas.” Eles crêem não na doutrina que tira a coroa de Cristo, e a coloca nas cabeças de mortais. Eles crêem não em um sistema de fé que faz a salvação depender da criatura, e, que realmente dá à criatura o louvor, porque o que é menor do que para um homem salvar a si mesmo, se a inteira dependência da salvação descansa sobre seu próprio livre-arbítrio ? Não, meus irmãos; pode haver alguns pregadores, que se deleitam em pregar a doutrina que magnifica o homem; mas em seu evangelho os anjos não têm deleite. As únicas boas novas que fizeram os anjos cantar, são aquelas que colocam Deus no princípio, Deus no fim, Deus no meio, e Deus sem fim, na salvação de Suas criaturas, e coloca a coroa intera e exclusivamente sobre a cabeça dAquele que salva sem um ajudante.

“Glória a Deus nas alturas”, é o cântico dos anjos.


2. Quando eles cantaram isto, cantaram o que nunca haviam cantado antes. “Glória a Deus nas alturas” era um velho, velho cântico; eles haviam cantado isso desde antes da fundação do mundo. Porém, agora, cantavam como se este fosse um novo cântico diante do trono de Deus: porque eles acrescentaram esta estrofe: “Paz na terra” . Eles não cantaram isto no jardim. Havia paz lá, porém esta parecia uma coisa natural, e escassamente digna de cântico. Havia mais do que paz ali; porque havia glória a Deus ali. Porém, agora, o homem caiu, e desde o dia quando o querubim com a espada flamejante expulsou o homem dali, não havia tido nenhum paz na terra, salvo no peito de alguns crentes, que tinham obtido paz da viva fonte desta encarnação de Cristo. As guerras tem se levantado desde os confins do mundo; homens têm assassinado um ao outro, aos montes. Tem havido guerras dentro como bem guerras fora. A consciência tem lutado com o homem; Satanás tem atormentado o homem com pensamentos de pecado. Não tinha havido paz na terra desde a queda de Adão. Porém, agora, quando o recém-nascido Rei fez sua aparição, a faixa com a qual ele foi enrolado era a bandeira branca da paz. A manjedoura foi o lugar onde o tratado foi assinado, segundo o qual a guerra cessaria entre a consciência do homem e ele mesmo, entre a consciência do homem e seu Deus. Foi então, naquele dia, que a trombeta soou: “Embainhai a espada, oh homem, embainhai a espada, oh consciência, porque Deus esta agora em paz com o homem, e o homem em paz com Deus.”

Não sentis, meus irmãos, que o evangelho de Deus é paz para o homem ? Onde se pode achar paz, senão na mensagem de Jesus ? Vá legalista, trabalhe por paz com labor e dor, e tu nunca a encontrarás. Vá, tu, que confia na lei: vá tu, ao Sinai; contemple as chamas que Moisés viu, e encolha-se, e trema, e desespere-se; porque a paz não se encontra, senão nEle, de Quem é dito: “E este será a nossa paz”. E que paz é esta, amados ! Paz como um rio, e justiça como as ondas do mar. Esta é a paz de Deus que sobrepuja todo entendimento, que guarda nossos corações e mentes através de Jesus Cristo nosso Senhor. Esta sagrada paz entre a alma perdoada e Deus o perdoador; esta maravilhosa reconciliação entre o pecador e seu juiz, esta é a paz que os anjos cantaram ao dizerem: “paz na terra”.


3. E, então, eles sabiamente terminaram sua canção com a terceira nota. Eles disseram: “boa vontade para com os homens.” Os filósofos têm dito que Deus tem uma boa vontade para com os homens; mas eu nunca soube de qualquer homem que derivou muito conforto de sua afirmação filosófica. Os sábios têm concluído em conseqüência do que temos visto na criação, que Deus deve ter muita boa vontade para com os homens, se não Suas obras nunca teriam sido assim construídas para seu conforto; mas eu nunca ouvi de qualquer homem que pôde se atrever a descansar a paz de sua alma sobre uma esperança tão fraca como esta. Mas eu não tenho somente ouvido de milhares, senão que os conheço, que são completamente certos que Deus tem uma boa vontade para com os homens; e se você perguntar sua razão, eles darão uma completa e perfeita resposta. Eles dizem: Ele tem uma boa vontade para com os homens porque Ele deu Seu Filho. Não se pode dar maior prova da bondade entre o Criador e Suas criaturas do que quando o Criador deu Seu Filho Unigênito e bem amado Filho para morrer.

Embora a primeira nota seja Divina, e a segunda nota seja pacifica, esta terceira nota derrete mais meu coração. Alguns pensam de Deus como se Ele fosse um Ser carrancudo que odeia toda a humanidade. Alguns O representam como se Ele fosse alguma abstrata existência não tomando interesse em nossos assuntos. Escutai todos, Deus tem “boa vontade para com os homens”. Já sabeis o que significa boa vontade. Bem, Praguejador, você tem amaldiçoado Deus; Ele não tem executado Sua maldição sobre ti; Ele tem boa vontade para com você, apesar que você não tenha boa vontade para com Ele. Infiel, você tem pecado alto e gravemente contra o Altíssimo.; Ele não tem dito coisas duras contra você, porque Ele tem boa vontade para com os homens. Pobre pecador, tu tens quebrados Suas leis; tu tens quase medo de vir ao trono de Sua misericórdia para que Ele não te rejeite; escuta isto tu, e seja confortado – Deu tem boa vontade para com os homens, tão boa vontade que Ele tem dito, e diz isto com juramento também: “Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva”; tão boa vontade além disso que Ele tem até condescendido para dizer: “Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.” E se você disser: “Senhor, como saberei que Tu tem boa vontade para comigo?”, Ele apontará para aquela manjedoura, e dirá: “Pecador, se Eu não tivesse boa vontade para contigo, haveria Me separado de Meu Filho ? Se Eu não tivesse boa vontade para com a raça humana, poderia ter dado Meu Filho para tornar-Se um daquela raça para que Ele pudesse redimi-los da morte ?” Vós, que duvidais do amor do Mestre, contemplai este círculo de anjos; vejam seu brilho de glória; ouçam seu canto, e deixem que suas dúvidas desapareçam naquela doce música e seja enterrada em uma mortalha de harmonia. Ele tem boa vontade para com os homens; Ele está disposto a perdoar; Ele afasta as iniqüidades, transgressões, e pecados. E marquem isto, se Satanás depois adicionar: “Mas embora Deus tenha boa vontade, todavia Ele não pode violar Sua justiça, portanto Sua misericórdia pode ser ineficaz, e você pode morrer”; então escutem a primeira nota da canção: “Glória a Deus nas alturas”, e repliquem a Satanás e a todas suas tentações, que quando Deus mostra boa vontade para com o arrependido pecador, não há somente paz no coração do pecador, senão que isto traz glória a cada atributo de Deus, e assim Ele pode ser justo, e todavia justificar o pecador, e glorificar a Si mesmo.

Eu não pretendo dizer que apresentei todas as instruções contidas nestas três sentenças, mas posso talvez ter dirigido vocês ao fio de pensamento que poderá servir para vocês durante a semana. Espero que todos durante a semana tenha um verdadeiramente feliz Natal por sentir o poder daquelas palavras, e conhecendo a unção delas: “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens.”

II . Em seguida, vos apresentarei alguns PENSAMENTOS EMOCIONAIS. Amigos, não enche este verso, este cântico dos anjos, vosso coração com felicidade? Quando o leio, e encontro os anjos o cantando, penso comigo mesmo: “Então, se os anjos introduziram solenemente o grande assunto do evangelho com cântico, não deveria eu pregar com cântico? E não deveria meus ouvintes viver com cânticos? Não deveriam seus corações serem alegres e seus espíritos se regozijarem?” Bem, penso, há alguns religiosos melancólicos que nasceram numa noite escura de Dezembro, que pensam que um sorriso sobre a face é ímpio, e crêem que um Cristão ser alegre e se regozijar é ser inconsistente. Ah! Eu queria que estes cavalheiros tivessem visto os anjos quando eles cantavam sobre Cristo; porque os anjos cantaram sobre o seu nascimento, embora este não fosse relacionado com eles; certamente os homens devem cantar sobre ele enquanto viverem, cantar sobre ele quando morrerem, e cantar sobre ele quando viverem no céu para sempre. Eu desejo ver no meio da igreja mais e mais um Cristianismo que canta. Os últimos anos têm gerado em nosso meio um Cristianismo grunhido e incrédulo. Agora, não duvido de sua sinceridade, mas duvido de seu caráter saudável. Digo que ele pode ser verdade e real o suficiente; Deus não permita que eu diga uma palavra contra a sinceridade daqueles que o praticam; mas é uma religião doentia. Watts acertou o ponto quando disse,

"A religião nunca foi designada
Para fazer nosso prazeres menores”.


Ela foi designada para abolir alguns de nossos prazeres, mas ela nos dá muito mais, para compensar o que ela tirou; assim, não os faz menores. Oh vós que vedes em Cristo nada senão um assunto para estimular vossas dúvidas e fazer com que as lágrimas desçam vossas faces; Oh vós que sempre dizeis,

“Senhor, que terra miserável é esta,
Que não nos produz suprimento,”

Venham vós até aqui e vede os anjos. Eles contam a sua história com gemidos, choros e suspiros? Ah não; eles clamam em alta voz: “Glória a Deus nas alturas”. Agora, imitai-os, meus queridos irmãos. Se sois professos da religião, tentai sempre ter uma apresentação alegre. Que outros fiquem de luto; mas

“Por que deveriam os filhos de um rei
Ficarem de luto todos os seus dias?”

Unge sua cabeça e lave o seu rosto; não aparente aos homens jejuar. Regozijai no Senhor sempre, e outra vez vos digo: regozijai. Especialmente esta semana não se envergonhem de estarem alegres. Não precisa pensar que é uma coisa ímpia ser feliz. Penitência, flagelação e miséria não são coisas muito virtuosas, apesar de tudo. Os condenados são miseráveis; que os salvos sejam felizes. Porque você deveria sustentar uma comunhão com os perdidos, pelos sentimentos de perpétuo luto? Porque não antecipar antes as alegrias do céu, e começar a cantar na terra aquele cântico que você nunca precisará terminar? A primeira emoção, então, que devemos cultivar em nossos corações é a emoção de alegria e satisfação. Bem, e qual a próxima? Outra emoção é aquela de confidência. Não estou seguro de que esteja certo em chamar isto de emoção, mas em mim ela está tão relacionada com a emoção, que me aventurarei a estar errado se estiver. Agora, se quando Cristo veio para este terra Deus tivesse enviado algumas criaturas pretas do céu, (se houvesse tais criaturas ali) para nos dizer: “ Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens ”, e se com um olhar carrancudo e uma língua gaguejante eles entregassem sua mensagem, se eu estivesse lá e ouvisse, recearia em crer neles, porque certamente deveria dizer: “Vocês não se parecem com os mensageiros que Deus enviaria – indivíduos gaguejantes como vocês – com tais boas novas como esta”. Mas quando os anjos vieram não houve dúvida da verdade que eles disseram, porque era absolutamente certo que os anjos criam nela; eles a contaram como deveriam ter contado, porque a contaram com cântico, com alegria e satisfação. Se algum amigo, tendo ouvido que um legado te foi deixado, viesse a você com um semblante solene e uma língua como um sino de funeral, dizendo, “Você sabe que alguém te deixou £ 10.000?”, certamente você diria, “Ah! Eu cuido que sim”, e riria em sua face. Mas se tu irmão repentinamente invadisse o seu quarto, e exclamasse, “O que você acha? Você é um homem rico; Alguém te deixou £ 10.000!”, certamente você diria, “Penso que isto provavelmente é verdade, porque ele parece muito feliz”. Bem, quando os anjos vieram do céu, eles contaram as boas novas da mesma forma como eles criam nelas; e embora eu tenha freqüentemente duvidado da boa vontade do meu Senhor, penso que nunca poderia duvidar disso enquanto ouvir aqueles anjos cantando. Não, devo dizer: “Os próprios mensageiros são provas da verdade, porque parece que eles a ouviram dos lábios de Deus; eles não duvidam dela; porque vejo quão alegremente eles contam as novas”. Agora, pobre alma, tu que és receosa de que Deus te destrua, e tu que pensas que Deus nunca terá misericórdia de ti, olhai para os anjos cantando e duvide se tiver coragem. Não vá à sinagoga de tristes hipócritas para ouvir o ministro que pregar com um som nasal fanhoso, como miséria em sua face, enquanto te diz que Deus tem boa vontade para com os homens; eu sei que não desejar crer no que ele diz, porque não prega com alegria em seu semblante; ele está te contando boas novas com um rosnar, e você não está disposto a recebê-la. Mas vá imediatamente à campina onde os pastores de Belém estavam sentados de noite, e quando ouvir os anjos cantando o evangelho, pela graça de Deus sobre você, poderás ver que eles manifestadamente sentem a preciosidade do conto. Bendito Natal, que traz tais criaturas como os anjos para confirmar nossa fé na boa vontade de Deus para com os homens.

III. Eu devo trazer agora diante de vocês, o terceiro ponto. Há algumas EXPRESSÕES PROFÉTICAS contidas nestas palavras. Os anjos cantaram “Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens”. Porém, olho ao redor, e o que vejo no mundo inteiro? Não vejo a Deus honrado. Vejo os pagãos ajoelhando-se diante de seus ídolos; noto os Romanistas se lançando diante dos trapos pobres de suas relíquias, e das horríveis figuras de suas imagens. Olho ao redor de mim, e vejo a tirania se assenhorear dos corpos e almas dos homens; vejo a Deus esquecido; vejo uma raça mundana em busca de Mamom; vejo uma raça sangrenta em busca de Moloque; vejo a ambição cavalgando como Ninrode sobre a terra, Deus esquecido, Seu nome desonrado.

Foi sobre isto tudo que os anjos cantaram? Foi tudo isto que os fez cantar “Glória a Deus nas alturas?” Ah! Não. Há dias brilhantes se aproximando. Eles cantaram: “Paz na terra”. Mas ainda ouço o clarim de guerra; e o horrendo estampido do canhão: ainda não trocaram a espada por rédeas de arado e as lanças por podadeiras! As guerras ainda reinam. Foi sobre isto tudo que os anjos cantaram? E enquanto vejo guerras até o fim a terra, creio que isto foi tudo o que os anjos esperavam? Ah! Não, irmãos; o cântico dos anjos está cheio de profecia; o dia determinado nascerá com glórias. Uns poucos anos mais, e quem os viver, verá o porque os anjos cantaram; uns poucos anos mais, e o que há de vir virá, e não tardará. Cristo o Senhor virá novamente, e quando vier derrubará os ídolos de seus tronos; aniquilará toda forma de heresia e todo vestígio de idolatria; reinará de pólo a pólo com ilimitável governo; reinará quando, como um pergaminho, aqueles céus azul tiverem passado. Nenhuma discórdia afetará o reino do Messias, nenhum sangue será então derramado; eles lançarão fora os imprestáveis capacetes, e não mais estudarão para a guerra. A hora está se aproximando de quando o templo de Janus [1] será fechado para sempre, e quando o cruel Marte será vaiado da terra. O dia está chegando quando o leão comerá palha com o boi, quando o leopardo deitará com a criança; quando a criança desmamada colocará sua mão na cova do basilisco e brincará com a áspide. A hora se aproxima; os primeiros raios de luz fazem feliz a era na qual vivemos. Olhai, Ele vem, com trombetas e com nuvens de glória; virá quem aguardamos com jubilosa esperança, cuja vinda será glória para os Seus redimidos, e confusão para os Seus inimigos. Ah!, irmãos, quando os anjos cantaram esta canção, ressoou um eco através dos corredores de um glorioso porvir. Este eco foi

"Aleluia! Cristo o Senhor
Deus Onipotente reinará”.

Ah, e sem dúvida os anjos ouviram pela fé a complementação da canção,

"Ouvi! o som de júbilo
Ruidosos como poderosos rugidos de trovão,
Ou como o enchimento do mar,
Quando quebra sobre a costa da praia”.


"Cristo o Senhor Deus Onipotente reinará”.

IV. Agora, tenho apenas mais uma lição para vocês, e terminarei. Esta lição é PRECEPTIVA . Desejo que todos que guardam o Natal este ano, o guardem como os anjos o guardaram. Há muitas pessoas que, quando falam sobre guardar o Natal, querem dizer a redução das vendas de sua religião por um dia no ano, como se Cristo fosse o Senhor da anarquia, como se o nascimento de Cristo devesse ser celebrado como as orgias de Baco. Há algumas pessoas muito religiosas, que no Natal nunca esquecerão de ir à igreja pela manhã; eles crêem que o Natal seja quase tão santo como o Domingo, porque eles reverenciam as tradições dos antigos. Todavia, o modo como gastam o resto do dia é mui excelente; porque se eles verem a sua cama imediatamente no começo da noite, terá sido por acidente. Eles não consideram que terão guardado o Natal de uma maneira apropriada, se não caírem na glutonaria e na bebedice. Há muitos que pensam que o Natal possivelmente não será guardado, exceto se houver grandes gritos felicidade e alegria na casa, e adicionados aos barulhos do pecado. Agora, meus irmãos, embora sejamos como sucessores dos Puritanos, não guardaremos o dia em qualquer sentido religioso, seja qual for, não adicionando nada mais a ele do que a qualquer outro dia: crendo que todo dia pode ser um Natal porque devemos saber, e desejarmos fazer de cada dia Natal, se pudermos; todavia, devemos tentar ser um exemplo para os outros de como se comportar neste dia; e especialmente visto que os anjos deram glória a Deus: façamos o mesmo. Uma vez mais os anjos disseram: “Paz para os homens”: labutemos se podemos fazer paz no próximo dia de Natal. Agora, cavalheiros idosos, vocês não abandonarão teu filho: ele te ofendeu. Trazei-o ao Natal. “Paz na terra”; vocês sabem: este é o Coral do Natal. Façam as pazes na sua família. Agora, irmãos, façam um voto de que nunca falarão de teu irmão novamente. Vá atrás dele e diga: “Oh, meu querido companheiro, não se ponha o sol deste dia sobre nossa ira”. Traga-o, e dê-lhe sua mão. Agora, Sr. Comerciante, você tem um oponente no comércio, e você tem dito algumas palavras mui duras sobre ele ultimamente. Você não consideraria o assunto hoje, ou amanhã, ou assim que puder, todavia, faça-o neste dia. Este é o modo de se guardar o Natal, paz sobre a terra e glória a Deus. E oh, se tu tens algo sobre tua consciência, qualquer coisa que te impeça de ter paz de mente, guarde teu Natal em teu quarto, orando a Deus para te dar paz; porque é paz sobre a terra, mente, paz em ti mesmo, paz contigo mesmo, paz com teu companheiro, paz com teu Deus. E não penseis que tens celebrado bem este dia até que possas cantar, “Oh Deus,

'”Com o mundo, comigo, e contigo
Eu agora durmo em paz, e assim para sempre será”.

E quando o Senhor Jesus se tornar tua paz, lembre-se, há outra coisa, boa vontade para com os homens. Não tente guardar o Natal sem ter uma boa vontade para com os homens. Você é um cavalheiro, e tem serventes. Bem, tente e coloque fogo em suas lareiras com uma larga pedaço de uma boa e sólida carne bovina para eles. Se você é um homem de riquezas, você tem pobres em sua vizinhança. Encontre algo com que vestir o nu, e alimentai o faminto, e alegrai o enlutado. Lembre-se, isto é boa vontade para com os homens. Teste, se puder, mostrar-lhes boa vontade nesta época especial; e se assim fizer, o pobre dirá comigo, que deveras eles desejariam que houvesse seis Natais no ano.

Que cada um de nós saia deste lugar determinados, que se estivemos irados durante todo o ano que se passou, que esta próxima semana seja uma exceção; que se temos resmungado de todo mundo no ano passado, que neste Natal aspiremos ser gentilmente amorosos para com os outros; e se vocês viveram todo este ano em inimizade contra Deus, oro para que pelo Seu Espírito Ele possa esta semana lhes dar paz com Ele; e então, deveras, meu irmão, este será o Natal mais agradável que já tivemos em nossas vidas. Vocês estão indo para a casa de seus pais, jovens; muitos de vocês estão indo fazer compras para suas casas. Lembrem-se do que preguei no último Natal. Vão para casa, para os teus amigos, e lhes o que o Senhor tem feito por vossas almas, e isto fará uma bendita roda de histórias ao redor do fogo do Natal. Se cada de um vós disser aos vossos pais como o Senhor se encontrou com vocês na casa de oração; como, quando você saiu de casa, estava alegre, corajoso, mas tem agora voltamos para o Deus de sua mãe, e lido a Bíblia de seu pai. Oh, que Natal feliz será este! O que mais direi? Possa Deus vos dar paz contigo mesmos; possa Ele vos dar boa vontade para com todos os vossos amigos, vossos inimigos, e vossos vizinhos; e possa Ele vos dar graça para dar glória a Deus nas alturas. Não direi nada mais, exceto ao final deste sermão desejar que cada um de vós, quando o dia chegar, tenham o Natal mais feliz em vossas vidas.

"Agora, com os anjos ao redor do trono,
Querubim e Serafim,
E com a igreja, que ainda é uma,
Cantemos o solene hino;
Glória ao grande EU SOU!
Glória ao Cordeiro Vitimado.

Bendição, honra, glória, poder,
E domínio infinito, ao Pai de nosso Senhor,
Ao Espírito e à Palavra;
Como era antes de todos os mundos existirem,
É, e será para sempre eternamente”.

Nota do tradutor: deus romano de duas faces identificado com portas e começos.


Traduzido por FELIPE SABINO ARAUJO NETO

FONTE : MONERGISMO

1 de dezembro de 2009

As Antigas Canções

As Antigas Canções

Rev. Chris Coleborn

Em todas as eras as canções têm dado expressão aos mais profundos sentimentos e crenças da humanidade – elas expressam as nossas ânsias, amores, alegrias e tristezas. Elas são uma parte maravilhosa da cultura de todas as nações.

Milhares de canções são escritas cada ano em todas as terras e línguas. O apelo delas é universal. Algumas canções tradicionais podem ser lembradas por várias gerações. A maior parte das canções no entanto são populares apenas por um pouco de tempo. As canções "Pop" podem estar no top das tabelas por algumas semanas, mas logo outras as substituem. A maioria passa ao esquecimento.

Para uma canção ser regularmente cantada e apreciada para além dum par de séculos é formidável. Algumas até duraram por mil anos; tal era a beleza e verdade das letras. Porém, uma das mais antigas canções tem cerca de três mil e quinhentos anos de idade. Foi escrita por Moisés depois dos filhos de Israel terem saído do Egipto por volta de 1400 AC. É o Salmo 90. Durante todos estes três mil e quinhentos anos esta canção tem sido regularmente cantada e apreciada. De facto, a maior parte dos Salmos têm cerca de três mil anos de idade e a maioria foi escrita pelo Rei David de Israel que viveu aproximadamente no ano 1000 AC. Não é isto extraordinário?

Para as canções durarem por tanto tempo, elas precisam ter grande beleza e valor. Que elas ainda sejam cantadas e lidas regularmente hoje à volta de toda a terra diz-nos de verdades intrínsecas que foram ao encontro das mais profundas necessidades de toda a raça humana. Os Salmos falam-nos de verdades que resistem ao longo de todas as gerações de pessoas e todas as condições da humanidade. Estas mais antigas das canções apontam respostas às grandes questões da vida. Elas falam de um Todo-Poderoso, Imutável Deus, que é Criador e Juiz de todos. Nelas nós encontramos a nós próprios e as nossas mais profundas limitações e necessidades descritas. Nós somos apontados às respostas para a vida e morte, e onde possamos encontrar verdadeira e eterna vida, paz e segurança. Elas apontam-nos a Deus e à Sua obra em Cristo Jesus.

Não são estas canções então verdadeiramente valiosas de ler, digerindo e levando ao coração? Se nós tirarmos o tempo de as ler, nós encontraremos crenças para a vida que foram provadas verdade ao longo de milhares de gerações de homens. Estas são as verdades que precisamos hoje, não as passageiras modas e ideias que tantas das superficiais, fugazes canções "pop" incorporam. Leiam por exemplo o Salmo 23 do Senhor sendo um pastor para aqueles que confiam nele e seguem-no. No Salmo 100 nós temos uma chamada a alegrarmo-nos no conhecimento de que há um criador e sustentador do mundo. O Salmo 90 fala de um que permanece e é fiel em todas as eras e gerações, em contraste com o passar da humanidade. Porque não as lês e buscas apreciar as maravilhas delas, pois elas não são nada menos do que canções que Deus na Sua bondade nos tem dado.

http://www.epc.org.au//historical/the-oldest-songs-2.html


fonte:.cprf.co.uk

João Calvino sobre Cantar Salmos na Igreja

João Calvino sobre Cantar Salmos na Igreja

Quanto a orações públicas, existem dois tipos: a que consiste em palavras apenas; a outra inclui música. E isto não é uma invenção recente. Pois desde o início da Igreja que tem sido desta maneira, como podemos aprender nos livros de história. Nem o próprio São Paulo fala de oração por palavras apenas, mas também de cantá-las. E, na verdade, sabemos por experiência que a música tem um grande poder e força para mover e inflamar os corações dos homens para invocar e louvar a Deus com um coração mais veemente e ardente. Devemos sempre atentar com receio de a canção ser leve e frívola, mas ela deve ter sim peso e majestade, como diz Santo Agostinho. E assim, há uma grande diferença entre a música que é feita para entreter as pessoas em casa e na mesa, e os Salmos, que são cantados na igreja, na presença de Deus e Seus anjos. Portanto, se alguém desejar rectamente julgar o tipo de música aqui apresentado, esperamos que ele irá encontrá-la ser santa e pura, vendo que ela é simplesmente feita para a edificação de que temos falado, e para qualquer utilidade mais que se possa colocar. Porque mesmo em nossos lares e fora de portas que seja um incentivo para nós e um meio de louvar a Deus e levantando os nossos corações a Ele, de modo que possamos ser consolados através do meditar sobre Sua virtude, Sua graça, Sua sabedoria, e Sua justiça. Porque isto é mais necessário do que alguém poderá dizer.

Dentre todas as outras coisas que são adequadas para a recriação do homem e para lhe dar prazer, a música, se não a primeira, está entre as mais importantes, e temos de considera-la um dom de Deus feito expressamente para esse efeito. E por esta razão, temos de ter tanto mais cuidado para não abusar dela, por medo de adulterarem ou de contamina-la, convertendo para nossa perdição o que se pretende para o nosso lucro e salvação. Se ainda por esta razão apenas, nós pudéssemos ser justamente movidos a restringir o uso da música, para fazê-la servir somente o que é respeitável e nunca usá-la para desenfreados desvarios ou para nos inundar com incontrolado prazer. Nem deveria levar-nos à lascívia ou poucas vergonhas.

Mas mais do que isto, não existe quase nada no mundo que tenha maior poder de dobrar a moral dos homens desta forma, ou que, como Platão sabiamente observou. E, de facto, encontramos a partir da experiência que tem um insidioso e quase incrível poder de mover-nos para onde quer. E por esta razão temos de ser os mais diligentes para controlar a música de tal modo, que irá servir-nos para o bem e de forma alguma nos prejudicar. Esta é a razão pela qual os antigos doutores da igreja se queixavam de que o povo de seu tempo era viciado em músicas ilícitas e desavergonhadas, ao que eles tinham razão para chamar o mortal veneno de Satanás, corruptor do mundo.

Agora, no tocante à música eu reconheço duas partes, a saber, a palavra, que é o assunto e texto, e a canção ou melodia. É verdade, como diz São Paulo, que todas as palavras torpes vão corromper e perverter a boa moral. Mas quando melodia vai com elas, elas irão atravessar o coração muito mais poderosamente e penetrar adentro. Assim como o vinho é afunilado para dentro de um barril, assim é o veneno e a corrupção destilada para a própria profundeza do coração pela melodia.

Então o que deveremos fazer? Deveríamos ter músicas que não são apenas certinhas, mas santas, que irão impulsionar-nos a orar e louvar a Deus, para meditar sobre Suas obras, de modo a amá-lo, a temer a Deus, para honrá-lo, e glorificá-lo. Porque o que Santo Agostinho disse é verdade, que ninguém pode cantar nada digno a Deus excepto o que tem recebido de Deus. Portanto, onde quer que olhemos procurando ao longe e ao largo, não vamos encontrar nenhumas músicas melhores, nem mais adequadas para esse efeito do que os Salmos de David, que o Espírito Santo fez e transmitiu a ele. Assim, cantando-os, poderemos ter a certeza de que nossas palavras vêm de Deus como se Ele viesse a cantar em nós para a Sua própria exaltação. Portanto, Crisóstomo exorta tanto os homens, como as mulheres e crianças para se habituarem a cantá-los, para desta maneira por este acto de meditação nos tornarmos como um com o coro de anjos.

Então, também temos de ter em mente o que diz São Paulo, que as canções devocionais só podem ser cantadas bem apenas pelo coração. Agora o coração implica inteligência, que, diz Santo Agostinho, que é a diferença entre o canto dos homens e das aves. Porque apesar de um pintarroxo, um rouxinol, ou um papagaio cantarem tão bem, será sem entendimento. Agora é dom do homem de ser capaz de cantar e de saber o que é que está cantando. Depois da inteligência, o coração e as emoções devem seguir-lhe, e isso só pode acontecer se nós tivermos o hino gravado na nossa memória para que ele nunca cesse.

E, por conseguinte, o presente livro não precisa de muita recomendação de mim, vendo que em si possui o seu próprio valor e canta seu próprio elogio ou louvor. Apenas deixe o mundo ter o bom senso de deixar de cantar aquelas músicas, em parte, vãs e fúteis, em parte, estúpidas e aborrecidas, em parte sujas e vis e em consequência más e destrutivas - e que exerceu o seu direito até agora, e usar estes divinos e celestiais Cânticos com bom rei David. Quanto à melodia, parecia melhor moderá-la da maneira que temos feito, de modo a dar-lhe a gravidade e a majestade que convém ao seu tema, e que pode mesmo ser adequado para cantar na igreja, de acordo com aquilo que foi dito.

(Do Prefácio de Calvino para o Saltério de Genebra de 1543)

João Calvino comentando I Coríntios 14:15: "Quando ele diz, cantarei salmos, ou, cantarei, ele faz uso de uma instância específica, ao invés de uma declaração geral. Pois, como os louvores de Deus eram o assunto dos Salmos, ele quer dizer pelo canto dos Salmos - bendizer a Deus, ou render graças a Ele, porque em nossas súplicas, ou pedimos uma coisa a Deus, ou reconhecemos algumas bênçãos atribuídas a nós. A partir desta passagem, ao mesmo tempo deduzimos, que o costume de cantar já estava nessa altura em uso entre os crentes, como parece também por Plínio, que escrevendo cerca de quarenta anos depois da morte de Paulo, menciona que os cristãos estavam habituados a cantar Salmos a Cristo antes do amanhecer. E eu de facto também não tenho quaisquer dúvidas que desde o início eles adoptaram o costume da Igreja Judaica de cantar Salmos."

Tradução: http://soberanagraca.blogspot.com/

fonte: cprf.co.uk

O que é a Fé Reformada?

O que é a Fé Reformada?

Rev. Ron Hanko

Os profetas do Antigo Testamento, advertiram a Judá, relativamente aos grandes perigos que enfrentaram: "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos" (Os. 4:6). Amos advertiu, "Eis que vêm os dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor" (Amos 8 :11).

A nossa grande preocupação é que a situação nos nossos dias e nesta terra é realmente semelhante aos dias dos profetas de antigamente. A revista Times afirmou em 30 de Jan., 1993 à questão: "Qual é a situação real [na Inglaterra]? Acreditando, que os cristãos praticantes são um pequeno punhado de nossa nação. Noventa por cento ou mais dos nossos cidadãos não têm quase nenhum conhecimento do cristianismo." Isto é um triste comentário. Nesse "minúsculo punhado" existem grandes divergências de fé. Há certamente uma grande necessidade de que a fé Reformada seja proclamada.

Porque é que a situação como ela é actualmente? Vivemos nos "últimos dias" (At. 2:17). Durante este período de tempo, a palavra de nosso Senhor está a ser cumprida que muitos se desviam (I Tm. 4:1) e o amor de muitos "se esfria" (Mt. 24:12). No próprio mundo, é o materialismo grosseiro que tem envenenado a sociedade. Temos a louca corrida por mais e mais entretenimento, muitas vezes dos tipos mais abomináveis. Os escarnecedores continuam a zombar, perguntando: "Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação" (II Pedro 3:4).

A situação nas igrejas é quase tão má. A apostasia abunda. Há um massivo abandono dos "caminhos antigos" (Jer. 6:16). Existem os "lobos em peles de cordeiro" (Mt. 7:15). A profecia da Escritura está sendo realizada: "e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si" (At. 20:30). Há novamente uma crescente pressão para a união de todas as igrejas e denominações. A doutrina é considerada irrelevante. "Novas" teologias surgem. As ovelhas, ao que parece, estão prestes a serem devoradas pelos lobos raivosos. A nossa garantia então só pode estar na Palavra de Cristo, "Nenhum homem pode arrebatar-vos para fora da minha mão" (Jo. 10:28).

Nestes tempos angustiantes, a Palavra de Cristo vem então em alto e bom som, " Eis que estou à porta e bato ..." (Ap. 3:20). Tal como Ele outrora ficou na porta da igreja de Laodicea, chamando para fora os fiéis que permaneciam nessa igreja apóstata, assim Ele chama ainda hoje. O povo de Deus tem fome da Palavra. Muitos não estão sendo alimentados. Eles estão recebendo "pedras por pão." Cristo convida a sair e cear com ele em torno de Sua Palavra que permanece para sempre.

Portanto, nós da Comunidade da Aliança Reformada Protestante (Covenant Protestant Reformed Church), pretendemos formar um elo entre todos aqueles que amam a fé Reformada e desejam ainda os "antigos caminhos." Nós temos desejamos estabelecer, sempre que tal seja possível, igrejas que corajosamente proclamem as velhas verdades.

Qual é a fé "Reformada"? Por "fé," referimo-nos ao corpo da verdade que emerge da própria Escritura. Falamos da fé "reformada", não como se fosse uma espécie de substituto para a fé escritural. Há afinal, somente um objectivo conjunto de verdades que é apresentado na Escritura.

Por "reformada," gostaríamos de distinguir-nos de outros, que duma ou outra forma se desviam da "fé" estabelecida na Palavra de Deus. Empunhamos as verdades da Escritura como que têm sido sistematicamente resumidas nas Normas de Westminster e as Três Formas de Unidade, ou seja, o Catecismo de Heidelberg, a Confissão Belga, e os Cânones de Dort.

O que é, então, a fé Reformada (que é escritural)?


A soberania de Deus

Em primeiro lugar, a fé reformada enfatiza a soberania de Deus. Será que isto distingue-a dos outros que também ensinam a soberania de Deus? Sim, distingue. Estamos convencidos de que a fé reformada mantém a verdade da soberania de Deus de forma consistente. Todos os cristãos certamente concordariam que Deus é soberano. Ele governa sobre tudo. Mas repetidamente encontramos doutrinas e práticas que contradizem a verdade da soberania de Deus. A fim de satisfazer raciocínio humano, há aqueles que insistem na "vontade livre" de todos os homens de aceitar ou rejeitar a Cristo, como querem. Há aqueles que apresentam um Cristo que bate à porta do coração do pecador, suplicando por admissão (mal interpretando Ap. 3:20). Há aqueles que ensinam que o número final da eleição de Deus não é determinado por Deus desde a eternidade, mas pelas actividades do homem. Há aqueles que ensinam que Deus ama todas as pessoas, ainda que no final Ele lance algumas em inferno. Outros ensinam que seria por causa do amor de Deus por todos, que Ele não pode lançar nenhuma delas no inferno.

A fé Reformada consistentemente mantém a soberania de Deus. Ele criou, em seis dias literais (Gn. 1), e continua a manter todo o seu universo. Ele também dirige e controla todos as criaturas morais e racionais. Ele desde a eternidade determinou a salvar alguns (os eleitos) através do sangue do Cordeiro (Ef. 1:4) e determinou que outros seriam lançados no inferno, por causa de seus pecados (Rm. 9:22). Jamais Deus devolve qualquer aspecto de seu Governo nenhum sentido. Todas as doutrinas da igreja de Cristo devem estar em conformidade com isso. A Igreja não pode "ajustar" a soberania de Deus para se acomodar à ideia do que o homem acha que é justo e certo. Pelo contrário, confissão do homem deve ser conformada com a grande verdade da soberania de Deus. (Em relação a isto, recomendamos a edição da Baker do empolgante livro de Arthur W. Pink, A Soberania de Deus.)


As Infalíveis Escrituras

O conhecimento do Deus soberano não deriva do homem através de pesquisa, mas pela revelação do próprio Deus. A fé reformada mantém a inerrância da Sagrada Escritura, a sua infalibilidade e inspiração. É a Palavra "soprada por Deus" (II Tm. 3:16) falada por Cristo (Jo. 1), para que possamos conhecer e compreender o que Deus ia revelar de si mesmo. Sem essa palavra que não poderíamos ter conhecimento determinado. Com ela, temos testemunho confiante e certo relativo a Deus e relativamente ao Seu Filho Jesus Cristo, e à obra de Cristo em resgatar e gerar a Sua igreja.


O Pacto da Graça

A fé reformada mantém a grande verdade do "pacto de graça." Afirmamos sucintamente as nossas próprias convicções relativas ao ensino da Escritura a este respeito.

O pacto de graça deve ser entendido à luz da Santíssima Trindade. Os três num só Deus (Pai, Filho e Espírito Santo) eternamente coexistentes e unidos em si perfeitamente. É uma comunhão que pede a descrição humana e ultrapassa a compreensão do homem. No entanto a verdade da comunhão pactual com Ele mesmo é a base do pacto de graça. O Deus Triúno eternamente determinado a revelar fora de si mesmo a glória da comunhão, como existe em si mesmo. Ele determinou mostrar da forma mais elevada uma comunhão com um povo eleito escolhido eternamente em Cristo.

Uma boa compreensão desta obra de Deus enlaça juntamente as diversas verdades maravilhosas da Escritura. A palavra de Deus mostra que este pacto é "unilateral", ou seja, não estabelecido entre duas partes, mas sim pelo próprio Deus directamente (Gn. 15:17-18). É um pacto inquebrável, em que, quando Deus estabelece-lo com o Seu povo, continua por toda a eternidade (Gn. 17:7). Essa aliança não é uma espécie de acordo em que Deus toma o Seu povo para o céu, mas é o fim ou objectivo que Deus tem em mente (Gn. 17:7). É a promessa que Deus tem o prazer de estabelecer na linha de gerações (Gn. 17:7). Foi verdadeiramente dito, "Ele reúne a Sua semente da nossa semente." Nem todos os nascidos de pais crentes fazem parte do pacto (Rm. 9:13). Mas as sementes espirituais são salvas (Rm. 9:7). Deus traz outras pessoas do paganismo, mas depois incorpora também a sua semente espiritual no corpo de Cristo (At. 16:27-33).


Os cinco pontos do calvinismo

A fé reformada é frequntemente associada com o que é chamado os "cinco pontos do calvinismo." Esses "cinco pontos," de maneira nenhuma esgotam a fé Reformada. No entanto, estes marcam uma distinta diferença entre ela e o Arminianismo que tem infectado a maior parte das igrejas fundamentalistas.

Os cinco pontos são lembradas por muitos através da utilização do acróstico: TULIP.

O "T" é de total depravação. Este é o ensinamento bíblico em que o homem é nascido morto em pecados, incapaz e sem vontade para qualquer bem (Rm. 3:10). Todos são culpados do primeiro pecado de Adão (Rm. 5:12). Todos só transgridem a lei de Deus por natureza (Rm. 3:23). A partir disto seguem diversas conclusões. Uma pessoa não pode "oferecer" a um pecador morto a salvação em Cristo. Também não pode ser esse "convidado" a aceitar Cristo ou aceitá-lo em seu coração. Seu estado é tal que é impossível actividade espiritual da sua parte.

O "U" representa eleição incondicional. Desde antes da fundação do mundo, Deus tem escolhido para si mesmo um povo em Cristo (Ef. 1:4). Juntamente com este fato, Deus também tem determinado a lançar outros no inferno, por causa de seus pecados (Rm. 9:21-22). Que esta eleição eterna é "incondicional" significa que Deus escolheu, não porque Ele previa que um iria acreditar, mas um acredita porque Deus o escolheu (Jo. 10:26; Rm. 8:29-30).

O "L" representa expiação limitada. A expiação é o pagamento feito por Cristo pelos pecados do seu povo (Mt. 1:21). Que é "limitada" não está a ensinar que a expiação de Cristo falta em algo. Pelo contrário isto apresenta o facto escriturístico que a expiação é limitada aos eleitos ou escolhidos de Deus (Jo. 6:44).

O "I" fala de graça irresistível. Isso enfatiza que, quando Deus vos chama a si o seu povo, e eles virão (Jo. 6:37). Vêm não involuntariamente, mas de bom grado. No entanto, a sua graça é de tal potência que a vontade dos seus eleitos é feita subserviente à Sua vontade.

O "P" é preservação dos santos. Isto significa que um escolhido, chamado e atraído a Jesus Cristo, também irá permanecer na fé e vai certamente ser levado à glória. Estes santos podem pecar gravemente e se cair por um tempo em certos pecados. Mas Deus tra-los de volta a si próprio. Aqueles por quem Cristo morreu serão certamente salvos (Fl. 1:6; Rm. 8:29-30).

As Doutrinas da Graça

A fé Reformada consistentemente afirma as "doutrinas da graça." Mais uma vez, estas são doutrinas das Escrituras. A terminologia serve para enfatizar o fato de que a salvação é uma gloriosa e total obra do nosso Deus, e não obra do homem ou do homem cooperar com Deus. Nós somos justificados pela graça através da fé (Rm. 3:24). Aqueles justificados tiveram seus pecados pagos integralmente através do precioso sangue de Jesus (Rm. 5:1). E aqueles por quem Cristo morreu, foram escolhidos por Deus desde a eternidade. Toda a salvação é totalmente o trabalho do soberano Deus. Não há então nenhum espaço para vanglória (Ef. 2:9).


Baptismo infantil

A fé Reformada segue a prática do baptismo de crentes. Isto tem sido a prática consistente dos crentes Reformados desde John Calvin. Este baptismo é baseado na verdade da Aliança de Deus, estabelecida na linha das gerações de fiéis. Nem todos os baptizados são salvos (Esaú que recebeu o sinal da circuncisão não foi salvo [Rm. 9:13]). Mas porque Deus estabelece o Seu pacto na linha de gerações (Gn. 17:7; At. 2:39), estes também recebem o sinal desse pacto e da justiça que é pela fé. Isto também é coerente com as práticas dos apóstolos que baptizaram crentes e suas famílias (At. 16:15; I Co. 1:16; At. 11:14; At. 16:31).


O credos

A fé Reformada mantém os credos como expressões do que ela confessa que a Escritura ensina. Credos não são para considerar como infalíveis. Eles, ainda assim, identificam e distinguem o que é Reformado do que não é. Os Reformados têm escrito, muitas vezes depois de grandes lutas e terríveis perseguições, as verdades que eles acreditam Escritura ensina seguramente. Os credos salientam a forma como os Reformados diferem das outras pessoas que também reclamam manter a Escritura. Por meio dos credos, os filhos dos crentes são ensinados nas doutrinas das Escrituras. Por meio dos credos as igrejas mostram a todo o mundo o que acreditam e ensinam.

Culto

A fé reformada mantém a necessidade de cultos regulares cada Sabbath. Não pertence à mente o minimizar ou negligenciar o culto de Jeová, em cultos regulares. Antes a alegria dos reformados é a de cumprir o mandato do quarto mandamento e os ensinamentos das Escrituras reunindo a cada Sabbath para adorar o nome de Deus. Eles juntam-se, não para serem divertidos, mas para glorificar o Nome que está acima de todo e qualquer outro nome.

A fé reformada mantém também o ensinamento bíblico de que a pregação da Palavra deve vir da igreja através de homens chamados por Deus para servir nesta posição importante (Rm. 10:15). A pregação é para ser o elemento central do culto. Chama-se nas Escrituras a "loucura da pregação" (I Co. 1:21), mas, ao mesmo tempo, é o modo ordenado por Deus de salvar os pecadores e fortalecer os santos (Rm. 10:14).

A Vida Santa

A fé Reformada não conduz os homens a serem descuidados ou profanos. Esta fé não considera que pode-se "pecar para que graça possa abundar" (Rm. 6:1). Porque se uma pessoa é escolhida eternamente de Deus, e porque Cristo morreu por ela, htem de haver a evidência de frutos piedosos. Verdadeiro agradecimento deve ser visto, caso contrário, não existem provas da eterna eleição. Deus escolheu o Seu povo para as boas obras (Ef. 2:10) e de maneira que devamos ser santos e sem culpa diante dele (Ef. 1:4). Não deve haver nenhuma aliança entre a luz e as trevas, entre o cristão e o mundo (II Co. 6:14). A "antítese" deve ser evidente—a distinção entre o bem e o mal é para ser visto na vida do cristão.

Missões

A fé reformada crê firmemente na convocação da igreja para sair por todo o mundo para pregar o evangelho. Ele não tem nada a ver com um "hiper-calvinismo," que levaria a negligenciar esta grande tarefa da Igreja. O próprio Jesus mandatou os discípulos e, em seguida, a igreja, para ir em todo o mundo para pregar o evangelho (Mt. 28:19). Embora seja certamente verdade que Deus irá salvar o Seu povo a quem Ele tem escolhido desde a eternidade, é igualmente verdade que Ele determinou que isto é para ser feito por meio da fiel pregação do evangelho, tanto no seio da igreja e no campo missionário. Só Deus sabe quem são dele. A igreja vai sob o mandato de Cristo, a fim de que os tais escolhidos de Deus também possam ser trazidos para a cruz de Jesus Cristo.


O Regresso de Cristo

A fé Reformada aguarda com confiança para o breve retorno de nosso Senhor Jesus Cristo sobre as nuvens do céu. Em Mateus 24 Jesus fala dos sinais que antecedem a Sua volta. Vemos esses sinais sendo cumpridos hoje. Nós não sabemos o dia ou a hora do seu regresso, mas sabemos que deve estar à mão. Isto deveria impressionar a igreja com a urgência de realizar as suas tarefas fielmente até o fim. Deve pregar a Palavra, deve evangelizar, deve ensinar as crianças, para que elas possam estar preparadas para os maus dias que vêm sobre a igreja. E a fervorosa oração da Igreja é pela vinda de Cristo: "Mesmo assim, vem Senhor Jesus, depressa!" (Ap. 22:20).

O acima exposto não é concebido de forma alguma para ser um tratado exaustivo da fé "reformada." Convém, no entanto, dar uma descrição "miniatura" daquela fé que tem sido tida por tão preciosa através dos séculos. Na base das verdades gloriosas pelas quais muitos deram as suas vidas, também teríamos desejo de buscar comunhão com aqueles que amam estas mesmas verdades, de modo a incentivar e fortalecer um ao outro na mais santíssima fé.


Fonte : cprf.co.uk


13 de novembro de 2009

PROCURA-SE UMA IGREJA

Procura-se uma igreja que use a Bíblia Sagrada do jeito que era usada no passado não muito distante. Que use a Bíblia como revelação de Deus. Aliás, uma boa Bíblia tradicional e fiel, e não as publicações "à la carte" (bíblia para idosos, para jovens, para gays, para empresários, etc.). Não importa que tenha capa preta e letras de tipos antigos. Não importa que uma ou outra palavra precise ser consultada no dicionário. Afinal, a Bíblia deve servir também para aprimorar os conhecimentos de seus leitores. Que use a Bíblia acreditando nela. Confiando em seus escritos, linha por linha, letra por letra. Que creia em sua inerrância e em sua total confiabilidade. Que a use no púlpito, não por pretexto para eventos sociais, políticos ou comerciais, mas como Palavra de Deus, revelação divina para todos os povos. Procura-se uma igreja que...

tenha púlpito. Sim, porque o tablado das igrejas tem abrigado toda sorte de coisas, menos um púlpito. Lá encontram-se baterias, guitarras, pandeiros, atabaques, porta-microfones, câmeras, luzes, castiçais de Israel, óleos de Jerusalém, cartazes comerciais, "links" ao vivo para a tv e internet, mas dificilmente se encontra um púlpito. Para aqueles que não estão familiarizados, púlpito é aquele móvel que os pastores antigamente usavam para colocar as suas Bíblias e pregar a Palavra de Deus. Usualmente era colocado no centro da plataforma, numa disposição que alcançasse a todos os presentes, ou mesmo em um dos lados, no alto. O lugar era mais ou menos aquele onde estão os "levitas" ou os animadores do "auditório gospel". Encontram-se muitos desses móveis antigos nos "museus eclesiásticos".

Procura-se uma igreja com templo. Não precisa ser um grande templo, nem um pequenino templo. Não precisa ter torre, relógio e cruz, nem tampouco ter um órgão de tubo e um vestíbulo. Apenas um templo, um lugar reservado para adoração a Deus, um lugar onde as pessoas se consagrem para a oração, a meditação, o respeito e a dedicação a Deus. Geralmente encontram-se ex-templos onde hoje estão casas lotéricas, açougues, mercados ou agências bancárias, porque as igrejas que os usavam acabaram por alugar grandes auditórios, cinemas, fábricas, pizzarias ou ginásios esportivos. O templo tornou-se tão obsoleto quanto a adoração tradicional bíblica. O templo não era adequado para a atual "aeróbica cristã", que faz com que os participantes suem tanto quanto uma boa aula de ginástica.

Procura-se uma igreja que tenha um templo, seja de tijolos, de barro ou de bambus, mas que seja "Casa de Oração", lugar de adoração, de reverência, de alegria espiritual, de encontro com Deus. Se for grande, muito bom. Se for pequeno, bom também. Se tiver ar condicionado, ótimo. Caso contrário, não haverá problema, desde que o povo tenha consciência de que "a minha casa será chamada CASA DE ORAÇÃO". (citação das palavras de Jesus em Mateus 21.13).

Procura-se uma igreja que cante hinos. Uma igreja que ainda ouse usar um "Cantor Cristão", um ""Hinário para o Culto Cristão", um "Hinário Evangélico," uma "Harpa Cristã", um "Melodias de Vitória", um "Salmos e Hinos" ou outro hinário que contenha as preciosidades da hinódia evangélica. Uma igreja que ouse cantar coisas que vão de encontro à música chamada "do momento", e ao encontro do coração de Deus, em adoração firmada em verdades da Palavra do Senhor, e não em palhas e restolhos de emoção fútil. Uma igreja que ainda use os hinos publicados em forma de livrinho, não apenas um retroprojetor com transparências, que priva as pessoas de levarem a letra para casa e estudá-la, decorá-la, entoá-la em sua devocional particular. Uma igreja que cante "Rocha Eterna", "Fala Deus", "Bendita a Hora de Oração", "Vamos à Igreja", "Já Refulge a Glória Eterna", "A Doce Voz do Senhor", "Tu és Fiel", "O Rei Está Voltando", "Grande é Jeová", etc. Uma igreja que embase o que canta na Palavra de Deus, rejeitando cânticos que não têm razão de ser, como os que dizem que Deus está "passeando" (estaria Ele de férias?) "Agarre as penas das asas dos anjos" (seriam eles galinhas despenando?) , "Dá-me a mão e meu irmão serás" (é tão simples assim? Nem de Cristo se precisa?). Uma igreja que não tenha um "hit parade", ou um índice das "10 mais de hoje", mas cante coisas de ontem, de hoje e de sempre, concretas, profundas e ermanentes.

Procura-se uma igreja de gente renascida. Não reencarnada, pois reencarnação não existe (cf Hebreus 9.27). Mas uma igreja de gente que foi regenerada pelo novo nascimento, através de sua conversão à Cristo (Cf. João cap. 3 e II Co 5.17). Uma igreja que abre as portas para o povo do mundo, mas coloca um aviso: "o pecador é bem-vindo; o pecado não!". Uma igreja que tenha gente que leve a sério o que aprende, que pratique o que ouve ser pregado, que procure ser "luz do mundo" e "sal da terra", que manifeste as "virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz". Uma igreja de gente que não fume. Gente que não beba álcool. Gente que não use drogas. Gente que não fale palavrões. Gente que não seja escravizada pelo entretenimento, que não toma a forma do mundo, mas que renova dia a dia o seu entendimento pela Palavra da Verdade. Uma igreja que não tenha receio de firmar posturas indigestas à maioria das outras igrejas, como exigir de seus membros uma vestimenta decente, um namoro moralmente aceitável, um casamento que possua "leito sem mácula", uma fraternidade construtiva, cidadãos cumpridores de seus compromissos, crentes honestos em suas transações. Uma igreja que pregue o que é certo e viva o que pregue.

Procura-se uma igreja que tenha amor não fingido. Uma igreja que não faça acepção de pessoas. Que não faça uma entrada "só para automóveis", para evitar que crentes pobres ou sem condução congreguem ali. Uma igreja que não coloque os crentes bem sucedidos nos bancos da frente, e reserve os últimos assentos para os pobres e os inexpressivos socialmente. Uma igreja que não dê assistência apenas para os que têm polpudos salários, desprezando os que contribuem apenas com três míseras moedas de centavos. Uma igreja que não trate seus membros pelo grau de instrução, dignificando o douto e desprezando o inculto, uma igreja que use de amor, misericórdia e atenção para com todos. Uma igreja que não tenha duas leis, dois pesos e duas medidas, disciplinando severamente os que não fazem diferença no orçamento mensal, e encobrindo os adultérios, as desonestidades, as falcatruas, as maledicências e os muitos pecados dos mais ricos. Uma igreja que não coloque um político no púlpito e uma pobre velhinha malcheirosa no canto, junto à porta de saída.

Procura-se uma igreja que tenha pastor. Mas não um pastor do tipo "profissional da área religiosa", mas "profissional da área celestial". De preferência um pastor que não tenha especialização em vendas, "tele-marketing" , venda de consórcios ou carnês do baú. Também não precisa ser especialista em análise de mercados e doutor em planos mirabolantes de crescimento de igreja. Procura-se uma igreja cujo pastor esteja mais interessado em pastorear cada um como um filho, que contar cada um como um número. Esse pastor poderia ser até de origem humilde, sem o grau de "latus census" ou "restritus census". Que tenha apenas "bom census" de levar a sério o seu chamado de "ganhador de almas, amigo do rebanho, pregador da Palavra, intercessor em oração pela sua comunidade, porta-voz da sã doutrina, líder respeitado, manso e cordato", porém, peremptório em suas afirmações. Um pastor que tenha cara de pastor, coração de pastor, postura de pastor, vida de pastor. Que use a Bíblia, não o "manual de igrejas do sucesso" ou "plano de restauração do propósito do discipulado dos grupos da unção" , ou quaisquer outras inovações evangélicas que estejam em alta BMIF - Bolsa de Mercadorias de Igrejas com Futuro. Procura-se um pastor que esteja de joelhos diante do Pai, pois é a única forma de não cair; um pastor que sorria com os que sorriem, chore com os que choram, que visite o pobre, e também o rico; que ame o bonito, e acolha também o feio; que se importe com a dor de um idoso e com a alegria de um jovem. Um pastor que diga a verdade, pela Bíblia, doa a quem doer, sem, contudo, jamais perder a ternura. Um pastor que não busque a glória dos homens, mas a glória de Deus; que não esteja de olho nas recompensas terrenas, mas nas celestiais. Um pastor que saiba ser homenageado, rendendo glórias a Deus, e saiba também resignar-se quando for esquecido. Um pastor segundo o coração de Deus.

Procura-se essa igreja.

Aos que souberem o seu paradeiro, favor ligarem para os crentes de bom senso, notificando o achado. Talvez não restem muitas dessas por aí. E me avisem também, para que eu saiba para onde ir, se acaso precisar".

Fonte :Fim Dos Dias

10 de novembro de 2009

Os Cinco Pontos do Arminianismo

Os Cinco Pontos do Arminianismo

por

Duane Edward Spencer

Um teólogo holandês chamado Jacob Hermann, que viveu de 1560 a 1609, era melhor conhecido pela forma latinizada de seu último nome, Arminius. Ainda que educado na tradição reformada, ele se inclinou para as doutrinas humanistas de Erasmo, porque tinha sérias dúvidas a respeito da graça soberana (de Deus), como era ensinada pelos reformadores. Seus discípulos, chamados arminianos ou sectários de Arminius, disseminaram o ensino de seu mestre. Alguns anos depois da morte de Arminius, eles formularam sua doutrina em cinco pontos principais, conhecidos como Os Cinco Pontos do Arminianismo.

Pelo fato de as igrejas dos Países Baixos, em comum com as principais Igrejas Protestantes da Europa, subscreverem as Doutrinas Reformadas da Bélgica e as Confissões de Heidelberg, os arminianos resolveram fazer uma representação ao Parlamento Holandês. Este protesto contra a Fé Reformada, cuidadosamente escrito, foi submetido ao Estado da Holanda, e, em 1618, um Sínodo Nacional da Igreja reuniu-se em Dort para examinar os ensinos de Arminius à luz das Escrituras. Depois de 154 calorosas sessões, que consumiram sete meses, Os Cinco Pontos do Arminianismo foram considerados contrários ao ensino das Escrituras e declarados heréticos. Ao mesmo tempo, os teólogos reafirmaram a posição sustentada pelos Reformadores Protestantes como consistente com as Escrituras, e formularam aquilo que é hoje conhecido como Os Cinco Pontos do Calvinismo (em honra do grande teólogo francês, João Calvino).

Ao longo dos anos, a estudada resposta do Sínodo de Dort às heresias arminianas tem sido apresentada na forma de um acróstico formado pela palavra TULIP. Daí o nome deste pequeno livro.

Os Cinco Pontos do Calvinismo são:

T Total Depravity Depravação Total
U Unconditional Election Eleição Incondicional
L Limited Atonement Expiação Limitada
I Irresistible Grace Graça Irresistível
P Perseverance of Saints Perseverança dos Santos


Uma vez que vamos examinar, pormenorizadamente, aquilo que os teólogos reformados de Dort querem dizer com os Cinco Pontos cio Calvinismo, retro referidos, consideremos primeiro, sumariamente, os Cinco Pontos do Arminianismo.

1.VONTADE LIVRE : O primeiro ponto do arminianismo sustenta que o homem é dotado de vontade livre.

1.1. Os reformadores reconhecem que o homem foi dotado de vontade livre, mas concordam com a tese de Lutero — defendida em sua obra “A Escravidão da Vontade” —, de que o homem não está livre da escravidão a Satanás.

1.2. Arminius acreditava que a queda do homem não foi total, e sustentou que, no homem, restou bem suficientemente capaz de habilitá-lo a querer aceitar Cristo como Salvador.

2.ELEIÇÃO CONDICIONAL

2.1. Arminius ensinava também que a eleição estava baseada no pré-conhecimento de Deus em relação àquele que deve crer.

2.2. Em outras palavras, o ato de fé, por parte do homem, é a condição para ele ser eleito para a vida eterna, uma vez que Deus previu que ele exerceria livremente sua vontade, num ato de volição positiva para com Cristo.

3.EXPIAÇÃO UNIVERSAL

3.1. Conquanto a convicção posterior de Arminius fosse a de que Deus ama a todos, de que Cristo morreu por todos e de que o Pai não quer que ninguém se perca, ele e seus seguidores sustentam que a redenção (usada casualmente como sinônimo de expiação) é geral. Em outras palavras:

3.2. A morte de Cristo oferece a Deus base para salvar a todos os homens.

3.3. Contudo, cada homem deve exercer sua livre vontade para aceitar a Cristo.

4.A GRAÇA PODE SER IMPEDIDA

4.1. O arminiano, em seguida, crê que uma vez que Deus quer que todos os homens sejam salvos, ele envia seu Santo Espírito para atrair todos os homens a Cristo.

4.2. Contudo, desde que o homem goza de vontade livre absoluta, ele pode resistir à vontade de Deus em relação a sua própria vida. (A ordem arminiana sustenta que, primeiro, o homem exerce sua própria vontade e só depois nasce de novo.)

4.3. Ainda que o arminiano creia que Deus é onipotente, insiste em que a vontade de Deus, em salvar a todos os homens, pode ser frustrada pela finita vontade do homem como indivíduo.

5.O HOMEM PODE CAIR DA GRAÇA

5.1. O quinto ponto do arminianismo é a conseqüência lógica das precedentes posições de seu sistema.
5.2. O homem não pode continuar na salvação, a menos que continue a querer ser salvo.

O CONTRASTE

Quando contrastamos estes Cinco Pontos do Arminianismo com o acróstico TULIP, que forma os Cinco Pontos do Calvinismo, torna-se claro que os cinco pontos deste são diametralmente opostos aos daquele. Para que possamos ver claramente as “linhas de batalha” traçadas pelas afiadas mentes de ambos os lados, comecemos por fazer um breve contraste entre as duas posições à base de ponto por ponto.

PONTO 1

1.1.O arminianismo diz que a vontade do homem é ‘livre’ para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé.

1.2.O calvinismo responde que o homem não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo, portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa crer em Cristo.

PONTO 2

2.1.Arminius sustentava que a ‘eleição’ é condicional, enquanto os reformadores sustentavam que ela é incondicional. Os arminianos acreditam que Deus elegeu àqueles a quem ‘pré-conheceu’, sabendo que aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado na condição estabelecida pelo homem.

2.2 Os calvinistas sustentam que o pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé do homem espiritualmente morto.

2.3 Dever-se-á notar ainda que a segunda posição de cada um destes partidos (arminianos e calvinistas) é expressão natural de suas respectivas doutrinas a respeito do homem. Se o homem tem “vontade livre”, e não é escravo nem de Satanás nem do pecado, então ele é capaz de criar a condição pela qual Deus pode elegê-lo e salvá-lo. Contudo, se o homem não tem vontade livre, mas, em sua atual situação, é escravo de Satanás e do pecado, então sua única esperança é que Deus o tenha escolhido por sua livre vontade e o tenha elegido para a
salvação.

PONTO 3

Os arminianos insistem em que a expiação (e, por esta palavra, eles significam ‘redenção’) é universal. Os calvinistas, por sua vez, insistem em que a Redenção é parcial, isto é, a Expiação Limitada é feita por Cristo na cruz.

3.1. Segundo o arminianismo, Cristo morreu para salvar não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os que não a querem aceitar, irão para o inferno.

3.2. Para o calvinismo, Cristo morreu para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade. Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no inferno.

PONTO 4

4.1.Os arminianos afirmam que, ainda que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, ‘permite’ ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden].

4.2. Os calvinistas respondem que a graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração. Desde que todos os espíritos mortos (alienados de Deus) são levados a Satanás, o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (regenerados) são guiados irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá a seus escolhidos o Espírito de Vida.
No momento em que Deus age nos eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo, e orientados para Deus.

É neste ponto que aparece outra grande diferença entre a teologia arminiana e a teologia calvinista. Para os calvinistas, a ordem é: primeiro o dom da vida, por parte de Deus; e, depois, a fé salvadora, por parte do homem.

PONTO 5

511. Os arminianos concluem, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” — pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo.) Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua contínua volição positiva até à morte!

5.2. Os calvinistas sustentam muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor — e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” —, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou. Por isso, os cinco pontos de TULIP incluem a Perseverança dos Santos.


Fonte: TULIP – Os Cinco Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras

Via: monergismo